Tratos e maltratos

Mercadejei o meu coirão nos mais diversos cantos do mundo

Proletário indistinto e vagabundo
Minguado na escudela e nos relatórios
No estaleiro, na granja, nos escritórios

Vendi o meu suor, como a prostituta vende o seu favor
Da Europa ocidental até à Europa maior
Da Ásia superior até à África de cor

Foi no meu pais onde fui mais maltratado
Descontos salariais guardados em bolso furado
Levam-me a estancar o meu desejo de aposentação

Terei talvez merecido descanso quando estiver no caixão

Antanho Esteve Calado

Sem comentários: