Ambos na mesma embarcação

Dê, dê que eu já vi e agora não vejo

A miséria está a paredes-meias com a fartura;
a arte a paredes-meias com a esterqueira;
o começo a paredes-meias com o fim.
As pedras sempre estiveram em mãos de alvenéus
que nunca as souberam modelar.

A humanidade como a vemos é um fiasco
não funciona como parede incontestável.
É tudo segundos terços e quartas esganadas
quintas abarrotadas até ao fim das gerações
sextas falidas e sábados de toscos sermões.

Valha-nos os domingos à porta das igrejas.

O médico-rico-pobre-artista-falhado pleiteia a esmola
com o leigo-sempre-pobre-filho-e-pai-padrão.

Dê, dê que eu nunca vi e tanto queria ver

Antanho Esteve Calado ( Fernando Oliveira )

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