Foi num belo dia de Abril

Foi agora e já era quase tarde
Que amanheceu o passarinho
Troteando zunzuns de liberdade
E o homem transpôs o ninho.

Era tempo mas só foi agora
Que um povo cheirou o lírio
Tanto tempo tanta demora
Tanta gaiola tanto martírio.

Que ele quase bico não tinha
De tanto coçar a infelicidade
Heróis vestidos de carapinha
Expulsaram os reis da cidade.

Foi agora mas ainda a tempo
Que um povo passeou na rua
Com olhos de contentamento
Da pátria que volvera sua.

Era tempo e o tempo era senil
De sovar a insígnia ditatorial
E foi neste lindo dia de Abril
Que de novo nasceu Portugal.

Antanho Esteve Calado ( Fernando Oliveira )

“O autor exilado em Paris desde 1969”

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